GRUPOS DE CÃES
Esse último grupo contém basicamente as raças restantes, que não se encaixam exatamente em nenhuma das outras categorias. Muitas dessas raças têm os cães mais interessantes e populares e incluem cães trabalhadores, pastores, terriers e miniaturas. As dez raças mais populares desse grupo, no ano de 2006, de acordo com o American Kennel Club, eram (em ordem decrescente de popularidade): Poodle, Buldogue Inglês, Boston Terrier, Bichon Frisé, Buldogue Francês. Lhasa Apso, Shar Pei, Chow Chow, Shiba Inu e Dálmata. Dependendo da raça, qualquer uma das atividades e dos exercícios já citados podem ser usados por você e seu cão não-esportista, além da caminhada.
A palavra “terrier” vem do latim terra – uma ótima definição das primeiras funções realizadas pelos cães desse grupo. Os terriers eram ótimos para caçar e matar roedores, animais considerados pragas e pequenos mamíferos, chegando a cavar profundamente a terra para encontrá-los. Mais tarde, os terriers mais fortes, como o American Staffordshire Terrierpassaram a ser criados para lutar entre si em competições publicas. Pelo tamanho conveniente e talvez também pela grande beleza, os terriers são cães populares.
Apesar do tamanho menor, é importante lembrar que os terriers têm a caça e o trabalho no sangue, por isso costumam ser cães de alta energia – alguns, como muitos Jack Russels, podem ter energia extremamente alta. Se você tiver a chance de criar um terrier desde filhote, socializá-lo e familiarizá-lo com outros cães e com outros animais pequenos é um dever. Em cães mais velhos ou que foram resgatados de abrigos, geralmente o hábito de agredir outros animais já está instaurado, por isso, além de suas habilidades de liderança calma e assertiva, pode ser que você precise de um profissional para ajudá-lo a colocar fim a esse hábito. Não cometa o erro que muitos de meus clientes cometem, dizendo: “Bem, ele não gosta de outros cães, faz parte da personalidade dele”. Os cachorros nascem para se dar bem com seus semelhantes.
Em um local de escavações perto de Bonn, na Alemanha, arqueólogos descobriram o esqueleto de um homem e de um cão, enterrados juntos. O local data de mais ou menos quatorze mil anos atrás. E, no Alabama, os seres humanos de cerca de oito mil anos atrás enterravam os cães de modo que era, segundo o arqueólogo Carl E. Miller, “muito mais cuidadoso que enterravam os homens”. No mundo todo ao longo da história da humanidade, os cães tem desempenhado não apenas um papel de trabalho, mas também um papel emocional em nossa vida.
Os cães do grupo dos Toys são a evidência mais flagrante da profunda ligação entre seres humanos e cachorros. Enquanto algumas raças de toys tinham como propósito caçar pequenos animais considerados pragas ou espantar pássaros de vegetações, muitas delas foram criadas ao longo dos séculos apenas para satisfazer as necessidades emocionais dos seres humanos – como companhia ou “enfeite”. Não executavam tarefas importantes me, auxiliavam na sobrevivência dos seres humanos. Nós simplesmente os amávamos . Muitas dessas raças são versõesem miniaturas de seus parentes, mas outras têm uma origem tão antiga que já foi esquecida.
Os cães do tipo toys têm diversos passados genéticos, por isso não podemos fazer generalizações a respeito de seu comportamento. Alguns deles caçavam aves ou ratos, como o Cavalier King Charles Spaniel e o English Toy Spaniel, o Toy Manchester Terrier, o Toy Fox Terrier, o Yorkshire Terrier e o Silky Terrier, o Papillon, o Maltês, o Lulu-da-Pomerânia (ou Spitz Alemão Anão), o Poodle Toy e o Pinscher Miniatura. Esses cães foram selecionados pelo alto nível de energia, e isso se mostra pelos seus descendentes. Cães “de colo”, como o Chihuahua, o Pequinês, o Pug e o Shih tzu, foram criados pela aparência, pelo tamanho, e, claro, por serem bonitinhos.
Infelizmente, a fofura é onde começa o problema com a maioria das raças pequenas. Os seres humanos adoram coisas fofinhas – os antropólogos dizem que é uma característica inscrita em nosso ser para que cuidemos de nossos bebês. Como os cães das raças toys são adoráveis, costumamos permitir que façam coisas que não permitiríamos que raças maiores fizessem. Por exemplo, a maioria das pessoas não permite que cães grandes latam por muito tempo. Os latidos são altos e irritantes demais para nós. Além disso, quando um cão maior late, costumamos levar o latido muito a sério. No entanto , quando um cão pequeno late para nos alertar de alguma coisa, ou simplesmente para chamar nossa atenção, costumamos deixá-lo latindo até quando ele quiser. No começo, achamos engraçadinho: “Ah, ele está me dizendo que quer seu osso”, e o entregamos a ele, ou “Ah, ele está me dizendo que quer brincar”. Depois de um tempo, o comportamento se torna irritante, mas nos convencemos de que se trata apenas da personalidade do cão ou da raça e não fazemos nada a respeito. E um comportamento ainda pior é o de morder. Nunca permitiríamos que um rottweiler usasse os dentes para nos manipular ou controlar, mas, quando cães pequenos mordem, é exatamente isso que estão tentando fazer. Quanto mais permitimos esse tipo de comportamento, mais ensinamos aos cães toys que é assim que vão conseguir o que desejam. No fim das contas, esses cães se tornam tão instáveis que o comportamento pode evoluir para ataques a outros animais ou a pessoas.
O segredo é lembrar que, por trás da cara fofinha e dos pêlos macios, seu toy é um animal e um cão em primeiro lugar. Tendo isso sempre em mente e aplicando a fórmula de exercícios, disciplina e carinho, satisfazer as necessidades de cães menores não é muito diferente de satisfazer a necessidade de cães grandes. Os cães do tipo toy também precisam de caminhadas vigorosas, mas, como utilizam mais energia para caminhar uma distancia menor, não se faz necessária uma caminhada extensa. As brincadeiras devem ser feitas de modo controlado, com começo, meio e fim bem definidos.
A dica é não deixar que os cães pequenos estoquem muita energia. Quando passam a mastigar, latir e morder compulsivamente ou se tornam anti-sociais, é porque descobriram que estas atividades negativas são maneiras de gastar energia. Não importa quão pequeno for o seu cão, ele precisa substituir o comportamento destrutivo por desafios físicos e psicológicos, que podem ser desde brincar de pegar com uma bola de tênis até fazer exercícios de agility e flyball, no caso de cães com energia mais alta. E todos os cães pequenos podem se beneficiar dos exercícios de obediência com recompensas no final.